segunda-feira, 6 de maio de 2013

Carta Ecossocialista do Amazonas - Parte IV



II. RECONHECIMENTO de que, no ESTADO DO AMAZONAS, VIVE-SE A EXPRESSÃO MÁXIMA DA DESORDEM ÉTICA, ECOLÓGICA, ECONÔMICA, POLÍTICA E SOCIAL QUE O MODELO NEOLIBERAL PODERIA ATINGIR. Nessa linha de VERDADEIRA CONSTATAÇÃO DO CAOS, e na defesa efetiva do ECOSSOCIALISMO, registra-se a COMPLETA AUSÊNCIA DE INVESTIMENTO NO CAPITAL SOCIAL BÁSICO, ou seja, INVESTIMENTO NA SAÚDE, NA EDUCAÇÃO, NA INFRAESTRUTURA FÍSICA, que se expressa, por exemplo, de forma escandalosa, nos fatos seguintes:

10. PROJETOS MEGALOMANÍACOS são uma constante na vida amazonense, gerando enorme endividamento público, além de, obviamente, não produzir o resultado social desejado. Parecem resultantes de momentos de delírio e alucinação. Nessa linha, foi sumamente trágico assistir, diante da gravidade de tantos problemas sociais, a demolição de uma das obras públicas mais caras já edificadas no Estado do Amazonas, avaliada em mais de R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), prêmio internacional do arquiteto Severiano Porto, produto da ação de vários governos, homenagem a figura humanitária de um destacado médico da Cruz Vermelha brasileira, o senador Vivaldo Lima. Somente para demolir o Estádio Vivaldo Lima gastou-se R$ 25.000.000,00 (vinte cinco milhões de reais).  Em cima das ruínas de R$300.000.000,00
( trezentos milhões de reais) edifica-se uma outra obra faraônica, de custo igual ou maior a R$ 538.000.000,00 (quinhentos e trinta e oito milhões), apenas para receber quatro jogos da Copa do Mundo de 2014. E ao que tudo indica, a nova Arena, depois do Mundial, ficará aí, faraônica, vazia e sem finalidade, deixando, entretanto, uma enorme dívida pública, a rigor um enorme rombo, que a população terá que suprir e pagar, assim como está pagando a PONTE MAIS CARA DO MUNDO,  a ponte bilionária erguida sobre o Rio Negro. Sem dúvida que, tais ações megalomaníacas já mereceriam  uma Comissão  Parlamentar de Inquérito – CPI, para constatar o real endividamento do Estado e suas consequências para a sociedade. Nesse particular, é de ser registrado o engodo do anúncio inicial de que o projeto copa do mundo seria executado, principalmente, através de parcerias público-privadas, que, na prática,  não ocorreram, tendo em vista que, no Amazonas, tudo será bancado, efetivamente, pelo contribuinte;

11. Na continuidade do rol de CAOS E ABSURDOS CONSTATADOS, vemos o governo anunciando a implementação  do Polo Naval na região ribeirinha do Puraquequara ao publicar um decreto que causa mal estar e que traumatiza agricultores e pescadores ali residentes. Afinal, não há estudo técnico e não se sabe explicar porque a desapropriação de área tão extensa e que justificaria o tratamento duro e violento ao cidadão que ali nasceu, criou os filhos, plantou, fincou raízes e, trabalhando com a família, envelheceu condignamente. É A MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA AFRONTANDO O CIDADÃO DE BEM QUE NÃO TEM RECURSOS e que, em face disso, ACABA SENDO PUNIDO, EXPULSO DA PROPRIEDADE, MEDIANTE UMA MÍSERA INDENIZAÇÃO, COM A TRANSFERÊNCIA, EM SEGUIDA, DA ÁREA DESAPROPRIADA PARA UMA GRANDE EMPRESA NACIONAL OU MULTINACIONAL.
12. O CAOS PRESENTEMENTE CONSTATADO que se revela na continuidade da expulsão de agricultores, na penalização de cidadãos de bem, é o mesmo que, historicamente, envolveu o saque, o massacre e o extermínio coletivo de tribos indígenas, entre os quais se incluem 2.000 Waimiris-Atroaris. Tudo por conta da ação devastadora de empresas de mineração, que contaram com a proteção do ESTADO MILITAR e com o silêncio questionável da própria FUNAI. A COMISSÃO DA VERDADE ESTÁ CHAMANDO A ATENÇÃO DO BRASIL, no ato de passar a limpo essa história que envolve a construção da BR-174, a ação do grupo minerador da PARANAPANEMA, os custos elevados de construção e o grande impacto social e ambiental causado pela ATÉ HOJE DISCUTÍVEL HIDRELÉTRICA DE BALBINA, e, principalmente, O GENOCÍDIO DAS COMUNIDADES INDIGENAS. O impacto desse relato impõe uma revisão de valores de forma a evitar que “os crimes contra os povos indígenas, os crimes de genocídio cessem no Brasil, e figurem apenas como parte sombria da memória histórica” ( COMITÊ DA VERDADE, MEMÓRIA E JUSTIÇA DO AMAZONAS, p. 75).

13. É preciso também chamar a atenção pública para o DANO AMBIENTAL gerado na execução do PROGRAMA HABITACIONAL MINHA CASA, MINHA VIDA, no Amazonas (A Crítica, Ed. de 12.4.2013, p. C8 ): a desertificação propositada da área de edificação com o desmatamento de hectares e mais hectares de terra sem a observância de um mínimo de preservação da mata nativa. Para além disso, nos chama a atenção a ausência de um planejamento voltado para a construção do mínimo necessário de infraestrutura para atender as demandas do viver coletivo, tais como a inexistência de espaços destinados ao comércio, fato que gera dificuldades até para a compra de itens básicos como pão e ovo. Via de regra, entrega-se conjuntos habitacionais mesmo inexistindo a prestação de serviços de transporte coletivo. É desumana a forma como estes conjuntos estão sendo construídos e entregues à população carente. Será que não é possível construir um conjunto residencial em harmonia com o homem e o meio ambiente, evitando-se que mais pareçam guetos, verdadeiras áreas de segregação social?


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