segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Reunião do Diretório Estadual do PSOL Amazonas: Convocatória


CONVOCATÓRIA 

Convoco todos os membros efetivos e suplentes do Diretório Estadual do PSOL Amazonas, os ex-candidatos(as) majoritários e proporcionais que concorreram nas eleições 2014 e, os filiados apoiadores para, reunirem-se no dia 29 de novembro de 2014 (sábado) as 14:30h., na sede do partido, Av. Constantino Nery, 1913, São Geraldo, Manaus - Amazonas.

    PAUTA

  • Conjuntura; 
  • Balanço das eleições 2014;
  • Perspectivas para 2015/2016. 

Raimundo Elson de Melo Pinto
Presidente do PSOL-AM.

sábado, 15 de novembro de 2014

Reunião Balanço das Eleição 2014 e Perspectiva para 2015

Camaradas do PSOL Amazonas

As eleições é um período de intensa agitação e propaganda do partido, é o momento que temos para nos dirigir as massas para, afirmar nossas convicções sobre o que queremos e o que pretendemos fazer para transformar a realidade social e econômica do nosso povo.

É nesse período também, que o partido se afirma como uma alternativa politica capaz de devolver a esperança a muitas pessoas que por diversas razoes, tornaram-se céticos com a politica e os políticos. Portanto, as eleições não podem ser vista pelos militantes da esquerda socialista como um momento subjetivo e sem importância para as transformações que pretendemos alcançar.

Diante dessas considerações, convido toda nossa militância para uma reflexão objetiva sobre as eleições de 2014, observando nossas expectativas, nosso compromisso histórico com o presente e o futuro das lutas sociais que precisamos influenciar para, esclarecer a classe trabalhadora as contradições do capital diante da democracia e do papel do Estado.

A nossa reunião de Balanço das Eleições, é um momento para identificar nossa potencialidade, corrigir os nossos pontos fracos e projetar ações concretas para fortalecer o partido. Aguardamos vocês na reunião.

CONVITE

Estamos convidando todos os membros do Diretório Estadual, Militantes, ex-candidatos e apoiadores da campanha do PSOL Amazonas nas eleições 2014 para, participarem da REUNIÃO DE BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2014 que será realizada no dia 22 de novembro de 2014.

SERVIÇO

REUNIÃO DE BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2014
Data: 22-11-2014
Horário: de 16 as 19 horas
Local: Sede do partido
Endereço: Av. Constantino Nery, 1913, São Geraldo

Manaus – Amazonas 

Elson de Melo – Presidente Estadual do PSOL(AM)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Morre o filosofo marxista Leandro Konder: o PSOL e os socialistas perdem mais um ilustre militante!

“O século 20 foi um período terrível porque nos ensinou que as pessoas se apegam facilmente em certezas”. 
...Leandro Konder

Por Elson de Melo* - Faleceu na tarde dessa quarta feira (12/11/2014) o Filosofo marxista e militante do PSOL Leandro Konder. O PSOL e a esquerda socialista perdem um grande militante! Estudioso do marxismo Leandro Konder dedicou a vida em estudar e elaborar teses e ideias para libertar a classe trabalhadora do jugo dos capitalistas. Para ele, a causa socialista não está destruída. O socialismo precisa superar as derrotas sofridas, ver o que está vivo e o que está morto e seguir em frente. O filósofo marxista afirmou que faltou um certo jogo de cintura aos socialistas que participaram das primeiras experiências do século XX, como ter em mente que é preciso motivar as pessoas para que elas queiram participar.

“Leandro Konder nasceu em 1936, em Petrópolis (RJ), filho de Valério Konder, médico sanitarista e líder comunista. Formado em Direito, Leandro exilou-se em 1972, após ser preso e torturado pelo regime militar, e morou na Alemanha e depois na França até seu regresso ao Brasil em 1978. Doutorou-se em Filosofia em 1987 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. É professor do Departamento de Educação da PUC-RJ e do Departamento de História da UFF. Com vasta produção como conferencista, articulista de jornais, ensaísta e ficcionista. Em 2002 foi eleito o Intelectual do Ano pelo Fórum do Rio de Janeiro, da UERJ. Um dos maiores estudiosos do marxismo no país, coordenou, em conjunto com Michael Löwy, a coleção Marxismo e literatura, da Boitempo.

Konder sofria de Mal de Parkinson há muitos anos e veio a falecer em casa em 12 de novembro. O velório será no Cemitério Memorial do Carmo a partir das 15h da quinta-feira 13 de novembro.” (fonte: Boitempo)

Descanse em paz camarada! In’ memoriam ao grande lutador Leandro Konder, transcrevemos abaixo um texto que ele produziu para o PSOL confira...

Teoria para o PSOL
Leandro Konder

Um velho amigo meu, que sabia grego antigo, me disse uma vez que a palavra “teoria” vinha do grego, theoro, que significava “eu vejo”. Como nunca verifiquei essa etimologia, tenho a impressão de que, ao usá-la, estou sendo um pouco aventureiro.

Apesar disso, na abordagem do tema, ao tentar responder à pergunta “o que é teoria?“, não fui capaz de resistir à tentação de recorrer à etimologia que o meu amigo me ensinou, mesmo suspeitando que ela seja fantasiosa.

No nosso trabalho e na nossa atividade política, vez por outra aparecem idéias que não estão provadas, mas são verossímeis. O que se poderia objetar a essa hipótese implícita na origem da palavra “teoria”?

 Os acertos da teoria dependem do acerto fundamental com que ela se situa no nível que lhe é mais adequado, isto é, no nível em que estão formuladas as demandas que ela é desafiada a atender.

Os conceitos e as imagens mais abstratos que nós podemos conceber são filosóficos. Quem perguntar quem somos nós, de onde viemos, para onde vamos, estará sem dúvida fazendo filosofia (ou se divertindo à custa dos filósofos).

Entre nós, nas lutas da esquerda, houve, no passado, momentos nos quais transparecia, nitidamente, certa desconfiança na teoria, certa suspeita no recurso (abusivo?) de argumentos “cerrados”, que podiam “intimidar“ o interlocutor.

Alguns ativistas, militantes, exageravam no ”praticismo” e chegavam a se orgulhar de serem ignorantes. Eram, em geral, companheiros que desejavam sinceramente continuar a lutar. Creio que, embora mal formados no plano teórico – citavam os “clássicos” misturando os níveis de abstração das ideias citadas ― esses companheiros, movidos pela paixão revolucionária, contribuíram muito para o movimento dos trabalhadores e para o questionamento do domínio burguês, no Brasil.

Outra coisa: apesar de sua incompreensão da importância da teoria, esses bravos militantes alertavam os companheiros para o risco de uma superestimação da mesma, o que efetivamente ocorria em alguns ambientes.

Alguns conceitos filosóficos eram de difícil interpretação. O conceito de teoria deu um passo adiante, nesse momento, quando foi introduzido nos debates o conceito de práxis, que Karel Kosik¹ considerava o conceito mais importante do marxismo.

Na contraposição teoria x prática, como fica a práxis? Em princípio, ela se apóia no primado da ação. O próprio conhecimento humano nos remete ao nível decisivo da história que estamos fazendo (ou que “eles” estão fazendo contra nós).

A aproximação da práxis à prática é fruto de uma grave confusão. Não é qualquer prática que é práxis. As atividades mecânicas, a satisfação de necessidades fisiológicas – nada disso – é práxis.

Práxis é o nome dado às atividades em que a humanidade se realiza, o gênero humano se expande, os sujeitos fazem escolhas, tomam decisões e agem. Trata-se, portanto, de uma espécie de atividade que precisa da teoria, que depende de conhecimentos teóricos, de informações atualizadas. E depende também, a partir de um certo nível de complexidade, de construções filosóficas.

A experiência histórica dos brasileiros, nesse aspecto, não é tão rica como todos nós gostaríamos que fosse. Discutimos pouco e de maneira freqüentemente emocional. Tenho a impressão de que debatemos às vezes sobre questões irrelevantes. Aí, perdemos tempo.

É muito bom sabermos que estão circulando nas escolas superiores as construções filosóficas de Gramsci, de Lukács, de Adorno ou de Benjamin. É claro que esses magníficos pensadores marxistas não vão resolver os nossos problemas. Estamos muito distanciados deles, no espaço e no tempo.

 Para lidar com as construções filosóficas de grandes pensadores, porém, não podemos nos limitar a agregar os pensamentos deles aos nossos. Devemos aproveitar as idéias dos gigantes pensando por conta própria. Dialogando com eles. Sem subserviência, mas com muito respeito.

Nosso companheiro Carlos Nelson Coutinho vem realizando, através do estudo das obras de Gramsci, um trabalho exemplar, como tradutor e também como crítico.

Por um lado, uma boa fundamentação teórica só pode resultar de muito esforço, de muita perseverança (e uma forte consciência de que nenhuma teoria vale de maneira absoluta para todos os tempos).

Por outro lado, a tarefa se torna ainda mais dura, porque o conhecimento, dialeticamente, necessita de um atento e severo exame crítico dos problemas político-culturais que abarcam a nossa atuação num espaço mais amplo e menos restrito.

E Carlos Nelson Coutinho demonstra como, a partir da dialética do universal e do particular, o falecido Gramsci nos ajuda a pensar o Brasil e o Brasil nos ajuda a pensar Gramsci.

A elaboração da teoria política corresponde não só às exigências imediatas da luta de classes, mas também às necessidades dos conflitos menores, de interesses locais, e, para complicar ainda mais a cabeça dos combatentes, aos aspectos mais significativos, mais universais do processo histórico de autoconhecimento, de autodescoberta, de autoinvenção e de autolibertação da humanidade.

Há uma grande quantidade de jovens convergindo para o PSOL. Certamente na expectativa de encontrar no nosso partido um ambiente saudável para a teoria engajada, isto é, para a praxis.

Esses jovens nos trazem ricas potencialidades para superarmos os limites do nosso conhecimento ainda acentuadamente empírico. E que podem nos levar a uma praxis que nos permita dizer: theoro.


Leandro Konder é filósofo marxista

Confira o texto original aqui

Elson de Melo é Presidente do PSOL/AM

Executiva Nacional faz balanço das eleições: PSOL está mais forte para lutar por um outro país

Na resolução, o PSOL conclui que com o bom resultado eleitoral de Luciana Genro, com a ampliação da representação parlamentar em nível federal e nos estados, com uma política acertada de independência no segundo turno, “as eleições de 2014 trazem um saldo positivo para o PSOL e para a luta pela construção de uma alternativa de poder popular, em aliança com outros atores sociais e políticos, para a construção do socialismo no Brasil”.
    
Do PSOL Nacional, Leonor Costa

A Executiva Nacional do PSOL realizou, na tarde desta segunda-feira (10), em Brasília, a sua primeira reunião após as eleições de outubro último. No encontro, que foi conduzido pelo presidente nacional do partido, Luiz Araújo, e que também contou com as presenças da ex-candidata à Presidência da República e presidente da Fundação Lauro Campos, Luciana Genro; do ex-candidato a vice-presidente, Jorge Paz; e do deputado federal, reeleito em 5 de outubro, Chico Alencar, os dirigentes fizeram um amplo debate sobre a participação do partido nas eleições, com base nos resultados das urnas e também nos três meses de campanha, e, ao final, aprovaram, sem nenhum voto contrário, a resolução com o posicionamento do partido a respeito do processo.

Nas intervenções, os membros da Executiva consideraram que o partido, por meio do trabalho de convencimento de seus candidatos e da militância, conseguiu pautar temas que de fato garantem melhores condições de vida e mais direitos para a população, se diferenciando substancialmente das demais candidaturas. Além de reafirmar que o PSOL sai mais forte desse pleito de 2014, considerando o aumento de sua bancada de deputados federais e estaduais e a aproximação com importantes setores dos movimentos sociais, a Executiva também indicou como será a atuação do partido diante do próximo mandato de Dilma e do Congresso Nacional, que será ainda mais conservador a partir de fevereiro do ano que vem. “Continuaremos como oposição de esquerda programática ao governo. As medidas que forem de arrocho e de retirada de direitos sofrerão as duras críticas do partido. Assim como no Parlamento, pautaremos as propostas que garantirão mais direitos para a população e continuaremos o enfrentamento firme contra o conservadorismo”, avaliou Luiz Araújo.

Luciana Genro também fez um balanço positivo do processo, reafirmando que o PSOL conseguiu se consolidar como a verdadeira alternativa de esquerda. Segundo ela, o PSOL seguirá, ao lado dos movimentos sociais, reivindicando as pautas que foram apresentadas nas ruas em junho de 2013. “O governo Dilma já é reeleito propondo arrochos na área econômica. Nesse sentido, seguiremos engajados nas ruas, ao lado dos movimentos sociais”, sinalizou.

Na resolução, o PSOL conclui que com o bom resultado eleitoral de Luciana Genro, com a ampliação da representação parlamentar em nível federal e nos estados, com uma política acertada de independência no segundo turno, “as eleições de 2014 trazem um saldo positivo para o PSOL e para a luta pela construção de uma alternativa de poder popular, em aliança com outros atores sociais e políticos, para a construção do socialismo no Brasil”.

Leia abaixo a resolução completa com o balanço sobre o processo eleitoral.

Lutar, com um PSOL mais forte, por outro Brasil

O PSOL cresceu nas eleições de 2014. Dobramos nossa votação em relação a 2010. Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral. Fomos o único partido que apresentou candidaturas a governador ou vice em todos os 27 estados da federação e conseguimos dobrar a representação parlamentar do PSOL, que alcançou cinco deputados federais e doze deputados estaduais. Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos. Nosso projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão. Nada disso teria sido possível sem a militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou esse expressivo resultado. Cumprimos o nosso papel, apresentando a melhor candidata e as melhores propostas para o Brasil. Luciana Genro constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um patrimônio do PSOL. O programa que defendemos é o programa necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre da exploração e de todos os tipos de opressão. Esta foi nossa principal missão política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.

As eleições de 2014 foram as primeiras realizadas após as mobilizações populares ocorridas em junho do ano passado. Essas manifestações revelaram os limites do modelo político e econômico das elites no poder e na oposição conservadora, na medida em que o agravamento da crise urbana e a necessidade de maiores investimentos em transporte público, educação, saúde e moradia contrastaram com os altos custos da realização da Copa do Mundo no Brasil e a forte repressão policial aos protestos. O resultado foi percebido na corrida presidencial deste ano, na qual os candidatos das principais coligações buscaram dialogar desde o início com o desejo de mudanças que junho de 2013 revelou e que foi confirmado por todas as pesquisas.

Essas eleições foram marcadas pelo signo da mudança. Mesmo a candidata de situação, Dilma Rousseff, teve que dialogar com esse sentimento, através da consigna “muda mais” e “governo novo, ideias novas”. Os demais candidatos da oposição conservadora, embora compartilhassem do mesmo programa em aspectos essenciais, também empreenderam o esforço de apresentar-se como representantes da “verdadeira mudança”. Aécio Neves chegou a ressuscitar o slogan do avô, Tancredo Neves, em 1985: “muda Brasil”.

Os limites do atual modelo, porém, não se revelaram apenas através do aumento das mobilizações populares, cuja repressão aos movimentos de rua, aliás, chegou a ser uma política comum de todos os governos (federal e estadual), unificando a maioria dos partidos, do PT ao PSDB, em torno do discurso favorável à Copa do Mundo tal como realizada, sendo o PSOL o único partido a votar em bloco contra a Lei Geral da Copa, que garantiu amplos poderes para a FIFA, e a questionar na Câmara dos Deputados a “Garantia da Lei e da Ordem”, projeto que visava autorizar as forças armadas a intervir em protestos de rua. Além disso, os dados da economia também demonstram o esgotamento da estratégia de crescimento via exportação de commodities e estímulo do mercado interno com a manutenção da ortodoxia dos juros altos, câmbio sobrevalorizado e superávits primários. A expectativa de queda drástica do PIB (de 2,3% em 2013 para menos de 1% em 2014) é só a face mais visível deste processo. A desaceleração da economia se sente na estagnação da geração de empregos – embora ainda não redunde num aumento do desemprego – e na desaceleração da atividade industrial, que cresceu bem abaixo do PIB em 2013 (1,5%).

Amparada nas exportações de bens primários, no mercado interno – em franca desaceleração – e nas grandes obras de infraestrutura estimuladas pela Copa do Mundo e Olimpíadas, muitas delas ainda inacabadas pelo país afora, a economia mostra sinais de enfraquecimento. A dependência externa e a indução ao consumo e endividamento desenfreado dos trabalhadores nos últimos anos cobram seu preço. Assim, as eleições se iniciaram com um enorme desgaste do atual governo, causado, dentre outras razões, pelo aumento da sensação de corrupção desenfreada a partir das denúncias envolvendo a Petrobrás. A oposição conservadora, porém, não foi capaz de apresentar um projeto substantivamente distinto.

As três principais candidaturas defensoras do atual modelo (Dilma, Aécio e Campos) iniciaram a campanha com cautela e reafirmando seus compromissos com a agenda macroeconômica dos bancos, empreiteiras e agronegócio. O cenário só se alterou com o acidente aéreo que vitimou o candidato do PSB em agosto. A comoção criada em torno da morte de Campos permitiu que Marina Silva, que havia obtido 20 milhões de votos em 2010 e aceitara a condição de vice na chapa do PSB, surgisse como a grande novidade das eleições. Atenta ao desejo de mudanças, Marina buscou apresentar um discurso que negasse a “velha política” e afirmasse um novo projeto para o país.

Não demorou, porém, para que o discurso de Marina se desfizesse no ar. Defendendo autonomia do Banco Central, aconselhando-se com economistas neoliberais, associando-se a uma das principais acionistas do Banco Itaú, distribuindo afagos ao agronegócio e alterando temas polêmicos de seu programa de governo, Marina revelou a face conservadora de seu projeto. Sob fortes ataque do PT e PSDB, desmoronou em poucas semanas, permitindo a “virada” de Aécio Neves na última semana de campanha. A derrocada de Marina mostra que as elites brasileiras não estão dispostas a aventuras e o povo não se deixa enganar por falsos discursos de renovação.

Luciana Genro e a vitória do PSOL

O PSOL enfrentou todo o primeiro semestre tendo como pré-candidatos à Presidência e à vice, respectivamente, o senador Randolfe Rodrigues (AP) e a companheira Luciana Genro. A renúncia do candidato escolhido no Congresso Nacional do partido, apenas quinze dias antes de nossa Convenção, trouxe dificuldades. Felizmente, a companheira Luciana Genro se mostrou disposta de pronto a cumprir a tarefa de representar o PSOL na disputa, trabalhando em conjunto com a direção do partido para unificar todos em torno da campanha. Para isso, foram promovidos pela Fundação Lauro Campos e pelo partido seminários programáticos em diversas capitais, que contribuíram com o objetivo de fortalecer a unidade partidária.

A Convenção Nacional, realizada em Brasília, foi uma demonstração de unidade partidária, afirmando por consenso o nome de Luciana e aprovando as diretrizes gerais para o Programa de Governo. Iniciada a campanha, fosse nas atividades de rua, nas agendas de imprensa ou nos debates de televisão, Luciana expressou uma boa síntese das posições do PSOL. Resultado disso foi a construção de um Programa de Governo muito completo, construído a muitas mãos e apresentado no final de setembro. Eventuais divergências de leitura sobre a conjuntura ou de abordagem sobre determinados temas foram, em geral, secundarizados, garantindo uma campanha bastante unitária. Não obstante algumas críticas de setores minoritários do partido – o que é legítimo – a avaliação geral do desempenho do PSOL e de sua candidata é altamente positivo.

Destacando-se nos debates e diferenciando-se das demais candidaturas, Luciana cresceu na reta final. O resultado eleitoral – 1,55% dos votos – além de registrar um crescimento em relação a 2010 (quando obtivemos 0,88% dos votos), consolidou o PSOL como uma força política relevante no país, nos separando das candidaturas consideradas menores. Mesmo partidos mais bem estruturados nacionalmente, como o PV e o PSC (este com o apoio de dezenas de igrejas evangélicas pelo país) tiveram um resultado muito aquém do obtido pelo PSOL. A abissal diferença da votação de Luciana em comparação às demais candidaturas da esquerda socialista – PCB, PSTU e PCO – fala por si. Somadas, essas candidaturas obtiveram menos de 10% da votação total de Luciana.

Assim, nossa chapa expressou um importante acúmulo nos movimentos sociais mais dinâmicos da conjuntura após as jornadas de junho. Estivemos junto com o MTST, MLB, Brigadas Populares, entre outros movimentos de moradia. Nossa campanha empalmou com a luta da comunidade LGBT, mobilizando esse setor ao redor da linha “por mais direitos”. Recebemos apoios de intelectuais e da opinião pública contemporânea, como Gregório Duvivier, Márcia Tiburi, Marina Lima, blogueiros e blogueiras da esquerda. A juventude realizou eventos de grande impacto, “viralizando” a campanha nas ruas e nas redes.

A presença de Jorge Paz, histórico militante da luta operária de São Paulo como candidato a vice-presidente, expressou o compromisso de todos os setores partidários com a campanha de Luciana. A formação de uma coordenação de campanha ampla – tendo como coordenador-geral o companheiro Luiz Araújo, presidente nacional do PSOL – foi um gesto de unidade partidária. O mesmo pode-se dizer da bancada federal e de outras lideranças, que se engajaram fortemente na campanha.

Com uma boa campanha presidencial, os resultados para a Câmara dos Deputados e para as Assembleias Legislativas também foram positivos. Além de reeleger nossos atuais deputados federais – companheiros Chico Alencar (RJ), Jean Wyllys (RJ) e Ivan Valente (SP) – o PSOL ampliou sua bancada na Câmara dos Deputados, com a eleição dos companheiros Daciolo (RJ), líder da histórica greve dos bombeiros em 2012, e do companheiro Edmilson Rodrigues (PA), ex-prefeito de Belém e deputado estadual mais votado da história do Pará em 2010.

Na disputa aos parlamentos estaduais o PSOL também cresceu. Passamos dos quatro deputados estaduais eleitos em 2010 para doze vagas, sendo uma no Rio Grande do Sul, duas em São Paulo, duas no Amapá, cinco no Rio de Janeiro, uma em Pernambuco e uma no Ceará. O desempenho das nossas candidaturas a governador também mostra um crescimento. Na maioria dos estados, o PSOL apresentou-se como alternativa à polarização das velhas máquinas partidárias, alcançando bons resultados, dentre os quais merecem destaque o do companheiro Tarcísio, no Rio de Janeiro, e do companheiro Robério Paulino, no Rio Grande do Norte, que alcançaram quase 10% dos votos cada um.

Outro saldo altamente positivo é a construção de um Programa de Governo unitário. Foi a primeira vez que o PSOL teve um documento dessa envergadura aprovada por suas instâncias. Abordando 23 temas diferentes, de política externa à saúde, de segurança pública a direitos humanos, o Programa de Governo do PSOL mostrou que é possível construir consensos internamente quando necessário.

O segundo turno

O PSOL esteve presente no segundo turno em apenas uma disputa: no Amapá, onde compusemos a chapa de Camilo Capiberibe (PSB) contra o retrocesso representado pelo sarneyzismo. Com isso, além de eleger dois deputados estaduais, conseguimos influenciar os rumos da luta contra o retrocesso representado pelos aliados de Sarney no segundo turno, que, apesar disso, saíram vitoriosos.

Em nível nacional, a disputa presidencial repetiu a polarização das últimas cinco eleições entre PT e PSDB. Polarização falsa no que diz respeito à gestão da política macroeconômica, ganhou profundidade com a disputa em torno da manutenção dos programas sociais e do papel dos bancos públicos, dentre outros temas trazidos ao debate pela candidata petista. Isso levou a candidatura tucana a encarnar no segundo turno uma diferenciação ideológica, atraindo para si forças reacionárias do espectro político e social brasileiro e favorecendo, assim, uma polarização acentuada que viria a animar contra si forças progressistas não mobilizadas no primeiro turno.

O PSOL, de forma acertada, se posicionou rápido. A resolução aprovada por sua Executiva Nacional vetava qualquer manifestação de seus militantes em favor de Aécio Neves e permitia tanto a defesa do voto nulo ou branco quanto a defesa do voto crítico em Dilma Rousseff. As manifestações em favor da petista não comprometeram a resolução aprovada, uma vez que o PSOL enquanto partido preservou sua autonomia e independência durante todo o segundo turno.

Perspectivas para o futuro

Os primeiros sinais de Dilma após a vitória foram contraditórios. Num dia, aponta uma reforma política com contornos progressistas como prioritária. No outro, aumenta a taxa de juros para 11,25% para alegria dos especuladores do mercado financeiro e anuncia o aumento da gasolina. No essencial, não deve deixar de ser um governo de pacto com frações da burguesia. O que está em questão é se a vitória por pouco mais de 3% vai fazer com o que o PT e o governo retomem algum tipo de relação com a agenda dos movimentos que esperam algum avanço ou se fará com que ambos se inclinem ainda mais à direita, buscando recuperar terreno junto aos setores médios mais conservadores e às elites que apostaram em Aécio.

A proposta de reforma política do Congresso Nacional é retrógada. Precisamos construir ampla unidade para defender a pauta da nossa reforma política, com base nos pontos apresentados no programa de Luciana Genro e, ao mesmo tempo, evitar qualquer retrocesso contra os partidos da esquerda combativa, explícito, por exemplo, na proposta da chamada cláusula de exclusão. Por essas razões, o PSOL seguirá vigilante, mantendo sua coerência e independência política e sua condição de oposição programática e de esquerda. Defenderá as medidas que representarem avanços para os trabalhadores e trabalhadoras, como ocorreu recentemente diante da ofensiva conservadora contra a Política Nacional de Participação Social (PNPS). Mesmo limitada, esta medida é um avanço democrático que contou com o apoio da nossa bancada na Câmara dos Deputados. Prova de que o PSOL não a apoiava por ser uma proposta do governo, é que tão logo a coalizão conservadora a derrotou, a bancada do PSOL a reapresentou na forma de Projeto de Lei, porém sem alguns vícios de origem que o projeto governista continha. Diante das medidas que representem ataques ao povo brasileiro, o PSOL se levantará como tem feito desde sua fundação, denunciando o governo e quem a ele estiver associado. Este é o papel de um partido de oposição de esquerda e programática.

O crescimento do fundamentalismo religioso, da bancada ruralista e das empreiteiras (hoje majoritárias entre os 513 deputados federais), da bancada da bala e de outras aberrações como essas, exigirão do PSOL uma melhor articulação para frear as investidas contra os direitos do povo. Fora do parlamento precisaremos de apoio dos movimentos sociais combativos para fazer frente – de fora pra dentro – aos ataques do conservadorismo. O crescimento da direita é também reflexo das opções políticas do PT com vistas a assegurar a chamada “governabilidade” com setores da burguesia. Cada vez mais, os sintomas da crise econômica e social anunciam mais choques. Dilma anunciou a realização de ajustes como o aumento da taxa de juros para 11,5%, assim como o anunciado aumento da gasolina. Nomes são especulados em meio ao sistema financeiro para a chefia do Ministério da Fazenda. Como afirmamos, o governo seguirá, em essência, um cartilha conservadora, para que a conta dos ajustes seja paga pelos trabalhadores, enquanto beneficia o bancos, agronegócio e empreiteiras.

A prioridade do partido é preparar a luta contra quaisquer ajustes e fortalecer a luta por mais direitos. Devemos denunciar desde já quaisquer medidas regressivas, como forma inclusive de dialogar com a desilusão que deve tomar os setores que apoiaram Dilma no segundo turno como veto ao Aécio. Devemos denunciar o problema dos juros e da dívida de forma pedagógica, ou seja, explicando que as cinco mil famílias mais ricas do país seguem lucrando, enquanto o povo paga com cortes nas áreas sociais, penando com serviços públicos precários, aumento das tarifas e crise energética e hídrica. O PSOL participará de forma ativa das lutas que se aproximam, desde a sua organização e formulação, convocando sua militância, pela reforma política e pela democratização dos meios de comunicação, também pelos direitos LGBTT e pela desmilitarização da PM, pela demarcação das terras indígenas e contra o avanço das terceirizações; lutando pelo aumento do salário mínimo, a revisão da Lei de Anistia e a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas, colaborando nas articulações de movimentos e partidos por reformas estruturais, exigindo do governo avanços no cumprimento dessa pauta e combatendo o conservadorismo em parceria com os movimentos sociais.

Com o bom resultado eleitoral da companheira Luciana Genro, com a ampliação de nossa representação parlamentar em nível federal e nos estados, com uma política acertada de independência no segundo turno, concluímos que as eleições de 2014 trazem um saldo positivo para o PSOL e para a luta pela construção de uma alternativa de poder popular, em aliança com outros atores sociais e políticos, para a construção do socialismo no Brasil.

Viva o PSOL!
Viva o Brasil!
Viva o Socialismo!


domingo, 9 de novembro de 2014

PSOL Amazonas organiza Seminário sobre Reforma Politica

Passado as eleições, o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL Amazonas, reafirma que é urgente e necessária a Reforma Politica, tanto para fortalecer a democracia, como para viabilizar maior participação da sociedade civil na definição de politicas publicas sustentável e relevante para superarmos as desigualdades econômicas e sociais que afligem o povo Brasileiro. 

Diante dessa urgência, o PSOL Amazonas, vai realizar no próximo dia 6 de dezembro de 2014 (sábado) um Seminário visando aprofundar e esclarecer sua proposta de Reforma Politica, bem como, definir um calendário de mobilização da sociedade para pressionar o Congresso Nacional a promover a Reforma Politica que atenda a real necessidade do nosso povo.

Em breve vamos divulgar o local e horário do Seminário, acompanhe e venha ajudar na mobilização.

Leia a nossa proposta de Reforma Política...  

REFORMA POLÍTICA, URGENTE E NECESSÁRIA

Introdução

A democracia brasileira tem apenas vinte e cinco anos. Nesse período, os escândalos de corrupção, o abuso do poder econômico nos processos eleitorais, a utilização das estruturas públicas em favor de determinados grupos políticos, a inexistência de mecanismos eficientes de participação popular, demonstraram o quão imperfeita é nossa democracia.

Nos últimos anos, o Brasil tem refletido sobre a necessidade de enfrentar os problemas de seu sistema político. Mobilizações da sociedade civil, por exemplo, em favor da Lei da Ficha Limpa (aprovada a partir de uma lei de iniciativa popular) ou do voto aberto em processos de cassação de parlamentares no Congresso Nacional, são exemplos que demonstram a necessidade de enfrentar os limites de nosso sistema político.

Evidentemente, há muitos interesses em jogo. Enquanto os setores progressistas, representados por partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicatos e outras entidades da sociedade civil, defendem uma reforma política que preserva o direito à livre organização partidária, a diminuição do poder econômico sobre as eleições e a ampliação dos instrumentos de participação direta, os partidos e entidades ligados aos interesses dos grandes partidos conservadores, à mídia monopolista e ao empresariado, defendem uma proposta de “reforma” que visa concentrar ainda mais o controle sobre o processo eleitoral nas mãos de poucos partidos. Por isso, é preciso diferenciar a reforma política defendida por uns e por outros.

De qual Reforma Política o Brasil precisa?

Infelizmente, devido aos acordos que o governo do PT mantém com grandes partidos conservadores (como o PMDB), a reforma política que o Brasil deveria promover – isto é, uma reforma profunda e radicalmente comprometida com o aprofundamento da democracia e o fortalecimento dos partidos políticos com projeto claro – está cada vez mais circunscrita a uma reforma meramente eleitoral. Ou seja, ao invés de alterar a forma como a sociedade se relaciona com o poder e a democracia, incluindo o fortalecimento dos partidos políticos, a reforma que está tramitando na Câmara dos Deputados está hoje circunscrita a medidas que afetam apenas as regras eleitorais.

O PSOL reconhece que as classes dominantes e seus representantes no Parlamento, no Poder Judiciário e no Poder Executivo estarão mobilizados para manter – ou alterar só na superfície – dispositivos legais que garantam seus interesses imediatos e de longo prazo, sempre objetivando impedir que as maiorias sociais se tornem maiorias políticas. Cabe, portanto, àqueles que se identificam com posições de esquerda, fazer o devido contraponto nesse debate de cartas marcadas, procurando ampliar os espaços para propostas que visem alterar a legislação atual nesse campo.

Esse debate tem carregado em si aspectos paradoxais: há, de um lado, setores que clamam pela moralização da atividade política, pelo fim da influência do poder econômico nos partidos e nas campanhas eleitorais; de outro lado, há setores que representam as classes dominantes que têm interesse em desonerar suas organizações empresariais e em sair do foco dos escândalos relacionados ao financiamento de campanhas eleitorais, seja de candidatos, partidos ou coligações. Aqui entra um tema central da Reforma Política: o financiamento das campanhas eleitorais. Ainda que resolva todos os problemas, o fim do financiamento privado de campanha diminui a influência de interesses econômicos nas eleições, torna o processo eleitoral mais justo e equilibrado e diminui a corrupção daqueles que, financiados por recursos privados, terão que “pagar a conta” quando chegam ao poder. Por isso, destacamos que esse é um ponto central que deve estar na linha de frente dos combates por uma reforma política efetivamente popular.

A Reforma Política do PSOL

Diante desse quadro, o PSOL aprovou em seu Diretório Nacional uma proposta de Reforma Política. Ela se baseia na denúncia contundente de todas as medidas que sejam contrárias aos interesses populares e, ao mesmo tempo, no apoio às mobilizações que defendem medidas que ampliem a democracia e que permitam que o povo seja protagonista no processo político brasileiro. Para isso, o PSOL entende que o fortalecimento das organizações partidárias é fundamental. Onde os partidos são frágeis, floresce o populismo, a demagogia e os personalismos. Ao invés de projetos, as eleições acabam debatendo o perfil individual de cada candidato, enfraquecendo a disputa de projetos e confundindo a sociedade.

Nossa proposta defende um diálogo e interação permanente com os movimentos sociais que articulam a “Proposta de Iniciativa Popular para a Reforma Política”, com os quais o PSOL tem tido grandes concordâncias, tanto no plano da atuação no Congresso Nacional, quanto nas lutas concretas e nas mobilizações nas ruas.

Dessa forma, o PSOL apresenta propostas e sugestões oriundas de setores e movimentos organizados da sociedade civil, além da valorosa contribuição de seus dirigentes e militantes, para ampliarmos e disputarmos os rumos do processo de mudanças na legislação partidária e eleitoral, que a imprensa e o meio político hegemônico têm chamado, equivocadamente, de Reforma Política.

1 – Financiamento das campanhas eleitorais exclusivamente público; que os recursos destinados aos partidos políticos para constituição desse fundo sejam distribuídos de forma a garantir um percentual igual para todos, de no mínimo 50% e, do restante, um percentual variável de acordo com a representação na Câmara dos Deputados;

2 – Garantia de divisão equitativa do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita, tanto nos processos eleitorais quanto nas propagandas institucionais dos partidos políticos, devidamente registrados junto ao TSE;

3 – Instituição da revogabilidade de mandatos por parte dos eleitores;

4 – Defesa do sistema de votação proporcional em lista partidária pré-ordenada, fortalecendo os partidos e seus candidatos;

5 - Fim das coligações para eleições proporcionais, garantindo-se pleno direito de organização e funcionamento partidário;

6 – Proibição de veiculação de pesquisas eleitorais por todos os meios de comunicação durante o período eleitoral, inclusive na Internet, e tipificação como grave crime eleitoral para o descumprimento desse dispositivo;

7 - Fim da cláusula de barreira na legislação sobre o funcionamento e organização partidária e combate a revogação de todos os dispositivos que buscam enfraquecer os partidos combativos da esquerda socialista;

8 – Introdução do referendo e do plebiscito como forma de participação e controle dos eleitores sobre o processo político, com regulamentação do preceito constitucional que os institui;

9 – Proibição, em Lei, da existência de cabos eleitorais pagos, capitulando essa prática como crime eleitoral, levando à cassação imediata do registro de candidato ou candidata que tenha incorrido em tal delito;

10 – Facilitação para a apresentação de projetos de leis de iniciativa popular;

Além disso, consideramos que há temas que precisam de maior acumulo, como a unificação do prazo de mandatos entre Senadores e Deputados; a criação do Parlamento Unicameral no Brasil; o fim do voto obrigatório; a vinculação do aumento do salário dos parlamentares ao do salário mínimo e a possibilidade de candidaturas avulsas, bem como a limitação da quantidade de mandatos e a forma de montagem da lista partidária.

Esses temas devem ser objeto de um amplo debate na sociedade brasileira, primando pelos pressupostos que orientam nossa proposta de reforma política: a ampliação radical da democracia direta e o fortalecimento dos partidos políticos.

Fonte: PSOL50


sábado, 1 de novembro de 2014

Que fazer? O debate necessário!

Na última quinta-feira (30/10), o PSOL Amazonas promoveu um debate sobre a obra de Lênin “Que Fazer?”, para orientar o debate foi exibido um vídeo produzido pela Livraria Expressão Popular "Debate - Que fazer?, Lenincom participação de Ricardo Gebrim (Consulta Popular) e José Paulo Netoo (UFRJ).

Imagem do Evento... Acesse
Na oportunidade fora distribuído aos participantes o artigo de Lênin "Por Onde Começar?" publicado no Iskra, n.º 4, maio de 1901. Nesse texto Lênin chama atenção para a necessidade de se definir um plano de atividades práticas, qualquer semelhança com os dias atuas não é uma simples coincidência, mas uma necessidade premente.

Estamos disponibilizando abaixo o atrigo "Por Onde Começar?" para que os camaradas leiam com atenção e ajude-nos a definir nossa forma de organização das lutas sociais que devemos implementa-las. Solicitamos que após a leitura cada camarada, faça um comentário sugerindo ideias de construção das tarefas do partido para aprofundar a luta popular.

Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
Av. Constantino Nery, 1913, São Geraldo, Fone: (92) 33479621, E-mail: psol50am@gmail.com
 Manaus – Amazonas

Por onde começar?

Texto de Vladimir Ilitch Lênine, maio de 1901

Nestes últimos anos, a questão «que fazer?» tem-se posto com particular acuidade aos social-democratas russos. Já não se trata de escolher um caminho (como acontecia no fim dos anos 80 e começo dos anos 90) mas de determinar aquilo que devemos fazer, na prática, por um caminho conhecido, e de que maneira fazê-lo trata-se do sistema e do plano de actividade prática. É preciso confessar que esta questão – essencial para um partido de acção – relativa ao carácter e às formas de luta, continua sem solução e suscita ainda entre nós sérias divergências que são o testemunho duma instabilidade e de vacilações de pensamento deploráveis. Por um lado, a tendência «económica», que se empenha em truncar, em menosprezar o papel da organização e da agitação políticas, encontra-se longe de estar morta. Por outro lado, continua de pé a tendência do ecletismo sem princípios que se adapta a toda a nova «orientação» e é incapaz de distinguir entre as necessidades de momento e os fins essenciais e as exigências permanentes do movimento tomado no seu conjunto. Como se sabe, esta tendência criou raízes no «Rabotcheie Dielo». A sua última declaração de «programa», o retumbante artigo com o não menos retumbante título «Uma viragem histórica» (n.º6 do Listok do «Rabotcheie Dielo»), confirma de maneira gritante esta definição. Ainda ontem, galanteávamo-nos com o «economismo», indignávamo-nos com a condenação categórica feita contra o «Rabotchaia Mysl», «mitigávamos» a maneira pela qual Plekanov encarava a luta contra a autocracia; hoje, eis-nos citando já a frase de Liebknecht: «se as circunstâncias  mudam em 24 horas, é igualmente necessário em 24 horas mudar de táctica»; falamos já em criar uma «sólida organização de combate» para atacar de frente, para conduzir o assalto ao absolutismo; falamos já de fazer «uma larga agitação política revolucionária (aonde isto já vai: política e revolucionária ao mesmo tempo!) no seio das massas»; de lançar «um apelo incessante aos protestos de rua»; «de preparar manifestações públicas com carácter político bem marcado» (sic), etc., etc..

Nós poderíamos, é certo, exprimir a nossa satisfação por ver o «Rabotcheie Dielo» assimilar tão rapidamente o programa formulado por nós desde o primeiro número da «Iskra»: constituir um partido solidamente organizado, visando não somente arrancar concessões de pormenor, mas conquistar a própria fortaleza da autocracia. Todavia, a ausência nos nossos assimiladores, de todo e qualquer ponto de vista bem firme, é de natureza a estragar todo o nosso prazer.

O nome de Liebknecht, é, como se torna evidente, invocado sem razão pelo «Rabotcheie Dielo». Em 24 horas, pode-se modificar a táctica da agitação em qualquer ponto especial, modificar um pormenor qualquer na actividade do partido. Porém, para mudar – não direi em 24 horas, mas até mesmo em 24 meses – as concepções sobre a utilidade geral, permanente e absoluta duma organização de combate e duma agitação política entre as massas, é preciso estar-se destituído de todo o princípio directivo. É ridículo invocar a diversidade de circunstâncias, a mudança de períodos: a constituição duma organização de combate e a agitação política são obrigatórias não importa em que circunstâncias «ternas, pacíficas», não importa em que período de «declínio do espírito revolucionário». Muito pelo contrário, é precisamente em tais circunstâncias e em tais períodos que semelhante esforço é necessário, pois que no momento da explosão, da conflagração, é demasiado tarde para criar uma organização; ela deve estar já pronta, a fim de desenvolver imediatamente a sua actividade. «Mudar de táctica em 24 horas». Mas para mudá-la é preciso ter uma à partida. Ora, sem uma organização sólida, experimentada na luta política em todas as circunstâncias e em todos os períodos, não se poderia sequer falar deste plano de acção sistemático estabelecido à luz de princípios firmes, seguido sem desfalecimento – o único que merece o nome de táctica. Com efeito, reparai: asseveram-nos já que o «momento histórico» coloca ao novo partido um problema «absolutamente novo» – o do terror. Ontem, o que era «absolutamente novo», era o problema da organização e da agitação políticas; hoje, é o do terror. Não é singular ouvir pessoas assim tão esquecidas dos seus antecedentes falar duma mudança radical de táctica?

Felizmente, o «Rabotcheie Dielo» não tem razão. O problema do terror nada tem de novo. Bastar-nos-á recapitular as concepções assentes pela social-democracia russa.

No plano dos princípios, nunca rejeitámos nem podemos rejeitar o terror. Ele é um dos aspectos da guerra, que pode convir perfeitamente, e até mesmo ser indispensável num certo momento de combate, num certo estado do exército e em certas condições. Porém, e precisamente agora, o que acontece é que não nos sugere o terror como uma das operações de um exército combatente, como uma operação estritamente ligada e articulada com todo o sistema da luta, mas como um meio de ataque isolado, independente de qualquer exército e bastando-se a si mesmo. De resto, na falta de uma organização revolucionária central e com organizações revolucionárias locais fracas, o terror não poderia ser outra coisa.

Eis porque nós declaramos resolutamente que, nas circunstâncias actuais, o terror é uma arma inoportuna, inoperante que desvia os combatentes mais activos da sua verdadeira tarefa e a mais importante para todo o movimento, e que desorganiza não as forças governamentais, mas sim as forças revolucionárias. Recordai-vos dos últimos acontecimentos: sob os nossos olhos, a grande massa dos operários e da «arraia-miúda» das cidades atirava-se ao combate, mas faltava aos revolucionários um estado-maior de dirigentes e de organizadores. Nestas condições, se os revolucionários mais enérgicos se consagram ao terror, não nos arriscamos nós a enfraquecer os destacamentos de combate, os únicos elementos sobre os quais se pode fundar uma esperança séria?

Não temos nos de temer uma ruptura de ligação entre as organizações revolucionárias e estas multidões dispersas de homens descontentes, protestando e prontos para o combate, cuja fraqueza não reside senão na sua dispersão? Ora esta ligação é a única garantia do novo êxito. Longe de nós a ideia de recusar toda a importância a actos heróicos isolados; porém, o nosso dever é, com toda a nossa energia, pôr em guarda contra esta codícia pelo terror à qual tanta gente se sente inclinada hoje em dia ao ponto de ver nele a nossa principal e essencial arma. O terror nunca será um acto de guerra igual aos outros, no melhor dos casos o terror não convém senão como uma das formas de assalto decisivo. A questão que se põe é esta: podemos no momento actual, apelar para este assalto? O «Rabotcheie Dielo» muito provavelmente pensa que sim. Pelo menos esganiça-se: «formai as colunas de assalto!». Mas aí está, mais uma vez, um zelo mal inspirado. O grosso das nossas colunas é constituído por voluntários e rebeldes. Como exército permanente, não temos senão alguns destacamentos, e ainda não se encontram mobilizados, não têm ligação entre si, não estão preparados para se constituírem em colunas duma maneira geral, sem mesmo falar em colunas de assalto. Nestas condições, qualquer homem capaz de considerar o conjunto da nossa luta, sem se deixar distrair com cada «viragem» da história, deve compreender que a nossa palavra de ordem, na hora actual, não poderá ser «Ao assalto!», mas sim, «Empreendamos o cerco sistemático da fortaleza inimiga!». Noutros termos, o objectivo imediato do nosso Partido não pode ser o de chamar todas forças de que dispõe a lançarem-se desde já ao ataque, apelar para a construção de uma organização revolucionária capaz de reunir todas as forças e que seja, não apenas nominalmente, mas também, de facto, a dirigente do movimento, isto é, uma organização sempre pronta a apoiar cada protesto e cada explosão, aproveitando-os para fazer crescer e fortalecer um exército apto a travar o combate decisivo.

A ligação dos acontecimentos de Fevereiro e de Março é tão sugestiva que não se encontra hoje absolutamente nenhuma objecção de princípio a esta conclusão. Somente que o que a hora presente exige de nós não são princípios, mas uma solução prática. Não basta ver claramente que tipo de organização é necessário, e para que é preciso trabalho; é preciso traçar-lhe o plano de modo a poder começar a sua construção de todos os lados, e ao mesmo tempo. Examinada a urgência e a importância desta questão, decidimo-nos, por nossa parte, submeter à atenção dos camaradas o esboço dum plano que desenvolveremos mais longamente numa brochura em preparação.

Na nossa opinião, o ponto de partida da nossa actividade, o primeiro passo concreto para a criação da organização desejada, o fio condutor, enfim que nos permitirá fazer progredir sem cessar esta organização em profundidade e em extensão, deve ser a fundação de um jornal político para toda a Rússia. Antes de mais, é-nos necessário um jornal, sem o que toda a propaganda e toda a agitação sistemáticas, fiéis aos princípios e abarcando os diversos aspectos da vida, são impossíveis. Essa é, portanto, a tarefa constante e essencial da social-democracia, tarefa particularmente premente hoje, em que o interesse pela política e pelo socialismo se tem despertado nas camadas mais amplas da população. Ainda nunca se tinha sentido com tanta força como hoje a necessidade de completar a agitação fragmentária pela acção pessoal, os panfletos e as brochuras editadas localmente, etc., por esta agitação generalizada e regular que só a imprensa periódica permite. Pode dizer-se, sem medo de exagerar, que a frequência e regularidade da publicação (e de difusão) do jornal permite avaliar da forma mais exacta o grau de organização atingido neste sector verdadeiramente primordial e essencial da nossa actividade militar. Seguidamente, é-nos necessário, muito precisamente, um jornal para toda a Rússia. Se nós não conseguirmos, e enquanto não conseguirmos, unificar a acção que exercemos sobre o povo e sobre o governo pela imprensa, será uma utopia pensar coordenar outros modos de acção mais complexos, mais difíceis, mas também mais decisivos. Aquilo de que o nosso movimento mais sofre, tanto no plano ideológico como no plano da prática, da organização, é de dispersão pelo facto de que a imensa maioria dos social-democratas está quase totalmente absorvida por ocupações puramente locais que estreitam ao mesmo tempo, o seu horizonte, a envergadura dos seus esforços, a sua experiência e a aptidão para a acção clandestina. É nesta dispersão que é preciso procurar as raízes mais profundas dessa instabilidade dessas vacilações de que falámos acima.

Também o primeiro passo a dar para escapar a este defeito, para fazer convergir vários movimentos locais num só movimento comum a toda a Rússia, deve ser a fundação de um jornal para toda a Rússia. Finalmente, é-nos absolutamente necessário um jornal político. Sem jornal político, na Europa moderna, não há movimento que possa merecer a qualificação de político. Sem isso, é impossível desempenharmos a nossa tarefa: concentrar todos os elementos de descontentamento e de protesto políticos para com eles fecundar o movimento revolucionário do proletariado. Demos o primeiro passo, suscitámos na classe operária a paixão pelas revelações «económicas», respeitantes à vida das fábricas. Devemos despertar, em todos os elementos minimamente conscientes da população, a paixão das revelações políticas. Não nos inquietemos se, na política, as vozes acusadoras são ainda tão débeis, tão raras, tão tímidas. A causa não reside, de modo algum, numa resignação geral ao arbítrio policial. A causa reside em que os homens capazes de acusar e dispostos a fazê-lo não têm uma tribuna do alto da qual possam falar, não têm um auditório que escute avidamente, encorajando os oradores, e em que eles não vêem em nenhuma parte do povo força à qual valha a pena dirigir as suas acusações contra o governo «todo-poderoso». Mas agora tudo isto muda com extrema rapidez. Essa força existe: é o proletariado revolucionário; ele já demonstrou a sua vontade não somente de ouvir e apoiar um apelo à luta política, mas ainda lançar-se arduamente na refrega. Temos hoje o meio e o dever de oferecer a todo o povo uma tribuna para condenar o governo czarista: essa tribuna deve ser um jornal social-democrata. A classe operária russa, ao contrário das outras classes e categorias da sociedade russa, manifesta um interesse premente pelos acontecimentos políticos e formula constantemente (e não apenas nos momentos de particular efervescência) uma enorme procura de publicações ilegais. Considerando esta procura massiva, a formação já iniciada de dirigentes revolucionários experimentados, o grau de concentração atingido pela classe operária e que lhe assegura de facto o controlo dos bairros operários das grandes cidades, dos centros fabris, dos burgos industriais, a fundação de um jornal político está perfeitamente ao alcance do proletariado. Por intermédio do proletariado o jornal penetrará entre a pequena burguesia das cidades, entre os artesãos dos campos e entre os camponeses e transformar-se-á, assim, num verdadeiro órgão político popular.

O jornal, contudo, não limita o seu papel à difusão das ideias, à educação política e ao recrutamento de aliados políticos. O jornal não é apenas um propagandista colectivo e um agitador colectivo; é também um organizador colectivo. A esse respeito, pode-se compará-lo aos andaimes que se levantam em redor de um edifício em construção; constitui o esboço dos contornos do edifício, facilita as comunicações entre os diferentes construtores, permitindo-lhes que repartam a tarefa e atinjam o conjunto dos resultados obtidos pelo trabalho organizado. Com a ajuda e a propósito do jornal, construir-se-á por si mesma uma organização permanente, que não se ocupará apenas de um trabalho local, mas também geral e regular, habituando os seus membros a seguir de perto os acontecimentos políticos, a apreciar-lhes o papel e influência sobre as diversas categorias da população, a encontrar para o partido revolucionário a melhor maneira de agir sobre esses acontecimentos. Os problemas técnicos – o fornecimento devidamente organizado de materiais ao jornal, a sua difusão – obrigam já a dispor de uma rede de agentes locais ao serviço de um único e mesmo partido, agentes mantendo relações pessoais uns com os outros, conhecendo a situação geral, exercitando-se a executar regularmente as diversas funções fragmentárias de um trabalho à escala de toda a Rússia, treinando-se na preparação desta ou daquela acção revolucionária. Esta rede de agentes[1] constituirá precisamente o esqueleto da organização que nos faz falta: suficientemente extensa para abarcar todo o país, suficientemente larga e diversificada para realizar uma divisão de trabalho estrita e pormenorizada; suficientemente firme para poder, em todas as circunstâncias, sejam quais forem as «viragens» e as surpresas, prosseguir sem desfalecimento a sua tarefa própria; suficientemente flexível para saber , à uma, evitar a batalha em campo aberto contra um inimigo numericamente superior que agrupou todas as suas forças num único ponto, e , à outra saber aproveitar-se da falta de mobilidade desse inimigo e cair sobre ele quando e onde ele menos o espera.Hoje, incumbe-nos a tarefa relativamente fácil de apoiar os estudantes que se manifestam nas ruas das grandes cidades, amanhã, a tarefa será talvez mais complexa, como será a de sustentar o movimento dos sem-trabalho nesta ou naquela região. Depois de amanhã deveremos estar nos nossos postos para desempenhar um papel revolucionário numa revolta camponesa. Hoje, devemos explorar a tensão política que foi engendrada pelo governo com a sua campanha contra os zemstvos. Amanhã, deveremos encorajar a cólera da população contra os abusos deste ou daquele bachibuzuque czarista e contribuir, com o boicote, com as campanhas de agitação, com as manifestações, etc., para lhes infligir uma lição que o faça, publicamente, bater em retirada. A fim de atingir este grau de preparação para o combate, é preciso a actividade permanente de um exército regular. E se agruparmos as nossas forças num jornal comum, veremos formar-se no trabalho e sair das fileiras não somente os mais hábeis propagandistas, mas também os mais experimentados organizadores, os mais capazes chefes políticos do Partido, que saberão, no momento preciso, lançar a palavra de ordem da luta final e assumir a direcção dela.

Como conclusão, duas palavras para evitar um possível mal-entendido, temos estado a falar de uma preparação sistemática, metódica, mas não quisemos de modo algum dizer com isso que a autocracia não possa cais senão na sequência de um cerco sistemático ou de um assalto organizado. Isso seria raciocinar como um doutrinário absurdo. Ao contrário, é possível e muito mais provável no plano histórico que ela caia sob o choque de uma explosão espontânea ou duma dessas complicações políticas imprevistas que a ameaçam constantemente de todos os lados. Mas não existe partido político, que possa, sem cair no espírito de aventura, regular a sua conduta com base em explosões e complicações hipotéticas. Devemos prosseguir um novo caminho, realizar incansavelmente o novo trabalho sistemático, e quanto menos nos basearmos no imprevisto, mais aumentarão as possibilidades de nunca sermos apanhados de surpresa pelas «viragens históricas».

Publicado no Iskra, n º 4, de Maio de 1901

PSOL Amazonas