Há tempos que a
Direção Nacional do PSOL, vem afirmado que a saída digna para crise econômica e
politica que assola o povo brasileiro é pela esquerda.
No entanto, essa saída
não passa pela articulação de uma ‘pseudofrente de esquerda’ que o PT anuncia
em suas paginas na web disseminando mentiras sobre a participação do nosso PSOL
nessa maquiavélica manobra.
Sobre isso, o PSOL
através do Presidente Nacional do partido, emitiu nota desmentindo as mentiras
do PT e afirma, “Não engrossaremos articulações visando Frente Eleitoral para
2018.”, o que o PT deseja com essa articulação é simplismente preparar o
terreno para valorizar a candidatura de Lula em 2018, cujo as intenções de
votos vem caindo vertiginosamente nas pesquisas de intenção de votos.
O PSOL reafirma
que a saída é pela esquerda e caminha firme na construção da união das
Esquerdas Socialistas que nos últimos anos vem sofrendo um ataque fulminante
por parte da direita e pasmem, com apoio incondicional do PT. O PSOL Amazonas
manifesta seu apoio a Direção Nacional do partido que se mantem firme na defesa
da nossa gente e por mais direitos para toda população brasileira. Confira
abaixo a nota do Presidente Nacional do PSOL...
NOTA DO PRESIDENTE
NACIONAL DO PSOL: UMA FRENTE PELA ESQUERDA
Foto: Marcelo
Camargo/ABr
Desde o segundo
turno das eleições presidenciais que o movimento social e a esquerda em geral
se debatem sobre qual deve ser o comportamento diante de dois fatos
conjunturais que julgo estão interligados: o avanço da pauta conservadora na
sociedade e no parlamento e o aprofundamento de políticas de ajuste fiscal por
parte do segundo mandato de Dilma Rousseff.
A escolha de
caminhos sempre está associada a pelo menos dois fatores: a visão de mundo e o
diagnóstico que fazemos da realidade em que estamos inseridos. Estes dois
fatores informam quem são os aliados, quem são os inimigos e ilumina o porto de
destino.
Vivemos uma crise
política, econômica e social. Ela é manifestação da crise econômica mundial,
mas não só. Ela espelha a falência de um projeto de desenvolvimento levado a
cabo por três governos petistas: manutenção da primazia do capital financeiro
no comando da economia, mitigado com concessões para os trabalhadores, todas no
limite do aceitável pelas elites governantes (não necessariamente e
momentaneamente representadas diretamente no governo central).
Este projeto
manteve as classes trabalhadoras dependentes das migalhas do lulismo, sem desenvolver
lutas significativas e unitárias. Em tempos de bonança esta proposta floresceu,
incorporou parcelas de excluídos no mercado consumidor, deu acesso precarizado
ao ensino superior e manteve a classe dominante tolerante.
O aprofundamento
da crise mundial foi corroendo as possibilidades das concessões e os governos
petistas foram se equilibrando nesta corda bamba. Quando a corda rompeu, sem
pestanejar, para se manter no poder o governo optou por abraçar de forma plena
o programa neoliberal de seus adversários tucanos. Digo de forma plena, por que
em vários aspectos fundamentais na fase anterior tal fenômeno já havia ocorrido
(privatizações de rodovias e aeroportos e meritocracia no ensino são dois
exemplos).
Não podendo fazer
concessões aos mais pobres e não sendo de confiança dos mais ricos, a base
social do governo se desfez. E no meio desta tormenta que o país vivencia desde
novembro do ano passado, vimos a volta da direita às ruas e elevação do tom
conservador no parlamento, na mídia e em todos os espaços de interação social.
O fundamental é o
entendimento de que vivemos um momento de desenvolvimento de uma agenda com
vistas à retomada dos ganhos do capital, num novo momento pós-esgotamento do
projeto lulista. O quadro que vivemos faz parte de um só fenômeno: uma agenda
conservadora, representada pela combinação entre a ofensiva contra os direitos
(maioridade penal, PEC 215, direitos trabalhistas/previdenciários) e a gestão
ultraortodoxa para a crise.
Com diversas
roupagens, parte do movimento social (o que sofre influência mais direta do
lulismo) tem trabalhado para defender o governo (na verdade defender conquistas
do processo mitigado anterior) e enfrentar a onda conservadora. Não fazem
críticas diretas as medidas governamentais (mesmo que a elas se oponham) para
“não fortalecer as forças do atraso” e com isso despotencializam o
enfrentamento do ajuste fiscal e das concessões conservadoras cada vez mais
presentes (vide silêncio destes setores diante do último pacote de
privatizações).
Desta postura
deriva a proposta de criação de uma Frente de Esquerda, a qual reuniria toda a
esquerda brasileira (sentido amplo do termo, indo no campo partidário do PT ao
PSOL, e no campo social da CUT ao MTST). O que uniria esta frente política e
social seria a defesa das conquistas e deter o retrocesso.
Recentemente o
líder do MTST expressou um posicionamento do qual comungamos. Não é possível
constituir uma frente sem mencionar o ajuste fiscal antipopular levado a cabo
pelo governo Dilma, nem tecer qualquer crítica aos governos petistas nos últimos
12 anos. E afirma que uma “Frente para defender o governo, em nome da ofensiva
da direita, ou para começar a articular um projeto eleitoral para 2018 não é o
que a esquerda brasileira precisa. Uma frente como essa não teria nenhuma
capacidade de dialogar com a insatisfação social nem oferecer saídas à esquerda
para a crise atual”. Assinamos embaixo.
Realmente não se
constitui frentes políticas dignas de nota em gabinetes, ou como Guilherme
Boulos afirmou, “alternativas políticas não se constroem 'a frio', apenas
porque a conjuntura necessita delas. Se constroem no calor de mobilizações
amplas”.
Defendemos a
constituição de uma frente política que impeça a perda de direitos e o avanço
de uma pauta conservadora. Mas é preciso dizer como, com que pontos que
unificam e contra que medidas e interesses concretos. Vejamos:
Estaremos juntos
com todos que, nas lutas sociais e políticas, decidirem lutar contra o ajuste
fiscal e a entrega do patrimônio público ao setor privado. Para fazer lutas
contra isso é necessário enfrentar o governo Dilma, sem meias-palavras, e se
opor ao projeto tucano de volta ao poder.
Estaremos juntos
com todos que, nas lutas sociais e políticas, decidirem lutar contra os
retrocessos conservadores que acontecem no parlamento. Para isso é necessário
denunciar claramente as forças políticas que se envolvem nesta onda
conservadora, especialmente denunciar o papel nefasto que o maior partido da
base governista (o PMDB) tem cumprido.
Não engrossaremos
articulações visando Frente Eleitoral para 2018. Consideramos positivo que haja
crise e inquietude no seio de partidos da base governista e que ainda possuem
lastro no movimento social. Quantos mais se somarem à luta contra o ajuste
fiscal, as privatizações e o avanço da pauta conservadora, melhor. Porém, isto
não é suficiente para deter o processo de retrocesso que vivemos.
É fundamental a
constituição de uma Frente dos Movimentos, distante de laços com o governo, que
incorpore partidos que a apoiem, que coloque o bloco na rua (como a Quinta
Vermelha do dia 25 de junho em São Paulo), que se disponha a enfrentar o
governo e a direita conservadora com forte mobilização social.
Recentemente, em
Encontro da Ação Popular Socialista, tivemos conhecimento de saudação enviada
pela direção do MST. No texto esta organização afirmava que “o projeto de
conciliação de classes em curso desde 2003, que representou um avanço para o
país, chegou ao seu limite”. Dizia também que “Precisamos construir a unidade e
fazer lutas de massas para impedir que a derrota desse projeto de conciliação
se converta em um retrocesso para a classe trabalhadora. Precisamos lutar
contra o ajuste fiscal, contra a tercerização, contra a redução da maioridade e
contra a entrega do pré-sal para as petroleiras estrangeiras”.
No referido artigo
do líder do MTST está dito que devemos “buscar construir saídas pela esquerda à
crise do governo petista, sem temer criticá-lo em seus rumos. Criticá-lo pela
retomada de uma política econômica neoliberal e pela falta de disposição
política em enfrentar as reformas populares tão necessárias ao Brasil. Com a
mesma decisão com que deve enfrentar o avanço das pautas conservadoras no
Congresso e na sociedade”.
Consideramos as
duas afirmações um bom terreno para construir uma frente política “a quente”,
nas lutas sociais e políticas. Por isso, somos favoráveis a constituição de uma
Frente PELA esquerda, ancorada na pauta sintetizada acima.
Brasília, 26 de
junho de 2015.
Luiz Araújo
Presidente
Nacional do PSOL